domingo, 14 de outubro de 2007

Meu relacionamento com Deus

Tenho lido muitas coisas além da Bíblia nesses meus quase 20 anos de vida transformada, digo, de vida em transformação. Certamente estamos num processo diário de transformação, que culminará no grande dia em que seremos transformados definitivamente, para estarmos e vivermos na real, concreta e plena vida com Deus. Não que não a vivamos enquanto estamos aqui na Terra, mas sem dúvidas, nada pode ser comparado àquele grandioso dia.
Juntamente com essas várias leituras tenho as pregações semanais, por vezes 4 a 6 dessas por semana, das quais estou presente e participo. Isso só pra referenciar um patamar de captação de informações a respeito das coisas de Deus, e sobre o próprio Deus.
Deus tem os seus mistérios e sua maneira toda especial de fazer as coisas. E por mais que nos esforcemos para compreender ao máximo o que pensa Deus sobre as mesmas coisas que pensamos, creio eu, que não chegaremos a 50% do que realmente Deus pensa sobre as mesmas coisas. Acho mesmo que Deus é super generoso e misericordioso conosco. Não sabemos nem mesmo como orar...
Pois bem, essa breve introdução foi apenas para estabelecer uma certa relação entre as coisas que penso e digo, em relação com as informações que tenho coletado nesse mesmo período.
Parafraseando minha esposa, que por vezes me diz:
“...você vê diferente as coisas de Deus”
“...é que você não nasceu no evangelho, por isso acha que tudo é assim”
“...não, as coisas não são assim”...

Minha esposa é realmente uma raridade de mulher...creio mesmo que está bem próxima da “mulher virtuosa” como a palavra de Deus diz. Eu realmente agradeço a Deus pela esposa que me deu e, sinceramente e com todo respeito às demais irmãs e mulheres, não vejo como existir uma parecida.
Mas o meu assunto não é sobre mulher virtuosa ou sobre minha esposa, e sim sobre como me relaciono com Deus.

Então tentarei dizer um pouco sobre como me relaciono com Deus.

São tantas as situações pelas quais passamos em nossas vidas, que seria impossível tentarmos lembrar de cada uma delas para fazermos uma comparação de como nos relacionamos com Deus nesses momentos. É claro que reconheço Deus como o verdadeiro Deus, o único Deus, criador de todas as coisas. E em Jesus, seu filho unigênito, nosso Senhor e Salvador. Mas também os reconheço como um único Deus e como um Deus trino também, pois o Espírito Santo é o terceiro.
Declarado todo o reconhecimento da majestade e senhorio de Deus sobre minha vida, a Ele seja toda a honra, glória, poder e louvor, e tudo mais que possamos lhe oferecer.

O que me impulsionou a escrever sobre esse assunto não foi a minha esposa e seus comentários, mas sim um artigo publicado na internet sobre tratar a Deus de “você” (segunda pessoa do singular).

A palavra de Deus nos mostra o quão poderoso, majestoso, real, senhor...Ele é. E de como e quanto o devemos louvar e adorar. Sei mesmo, e por experiência própria o quanto Deus é digno de louvor e adoração. Minha vida tem sido uma bancada de experiência, na qual posso ver as maravilhosas transformações, milagres e intervenções divinas. Sou a própria testemunha das infinitas misericórdias de Deus, e por isso também eu O louvo e O adoro.
Mas esse amor com o qual Deus nos amou primeiro está referenciado de várias maneiras, sendo uma delas como o amor de um pai.
Se tentarmos ajustar os conceitos e as relações de um pai com seus filhos em diferentes épocas, períodos e lugares veremos que esses ajustes não serão nada fáceis, praticamente impossíveis. Uma vez que o próprio conceito (entidade psíquica
abstrata e universal que serve para designar uma categoria ou classe de entidades, eventos ou relações; os elementos ou atributos que definem alguma coisa) muda de acordo com algumas variáveis, e mesmo com várias variáveis ao mesmo tempo. Parece meio filosófico, mas é apenas uma constatação simples.
Vejamos:
Considero-me um “pai ocidental moderno” (contemporâneo do século XXI). Mas se até mesmo entre meus amigos, também pais ocidentais modernos, eu encontro divergência sobre qual deve ser a conduta ética, moral e espiritual para com nossos filhos, e mesmo dos filhos para com seus pais, imaginemos então o tamanho do abismo em se tratando de “pais orientais antigos” (contemporâneos do AT)?
Ainda assim podemos ver o quão maravilhoso é o nosso Deus quando nos trata como filhos, pois para Ele não há espaço de tempo ou espaço. Seus padrões são eternos, e mesmo com infinita distância entre os conceitos de Deus e os nossos, pois Deus já os tinha antes da fundação do mundo, assim eu creio, eles são totalmente contemporâneos nos dias de hoje, no século XXI. O que mudou e ainda continua mudando são os nossos conceitos sobre todo contexto da vida. De acordo com as variáveis citadas, mudamos de pensamentos, opiniões, padrões de conduta etc. Não podemos tomar as escrituras ao “pé da letra”, pois em muitos casos a conotação e aplicação tinham abrangência temporal, étnica e/ou geográfica/regional.
Assim também vejo em relação ao tratamento, que por vezes, damos a Deus. É inegável o respeito, reverência e temor que devemos ter pelo nosso Deus. Ele é tudo para nós!
Por outro lado, creio eu, que Deus procura e quer ter um relacionamento íntimo com seus filhos.
No início Adão se reportava a Deus com o pronome tu. Seria isso uma ofensa?
Não creio. Se nem mesmo Deus se manifestou contrário, quem sou eu para o dizer?
Jesus nos considera e nos chama de amigos (João 15:14-15). Normalmente não tratamos os nossos amigos de “senhor”. E também não creio que seja desrespeito, pelo menos a partir dos anos 60, os filhos tratarem seus pais pela segunda pessoa do singular (tu/você).
Um exemplo bem palpável aqui no Brasil, mais especificamente no Sul do Brasil, é o uso constante do pronome “tu”. Essa seria uma das variáveis regionais que dão sustentação para o uso normal desse pronome no tratamento de um filho para com o seu pai. Os cariocas (naturais da cidade do Rio de Janeiro) usam mais “você”, ou praticamente não utilizam o “tu”.
Se vemos Deus apenas como Senhor, é bem provável que nossa relação com Ele tenha alguma dificuldade ou barreira no sentido de nos aproximarmos dEle; de sermos mais íntimos. Em qual relação de senhor e servo há intimidade?
Em João 15:15 o próprio Jesus diz que já não nos chama de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Se o servo não sabe o que faz o seu senhor, certamente não existe intimidade entre eles.
Acredito que se queremos ter mais intimidade com o Deus, que é Senhor mas que também é Pai e Amigo, devemos derrubar as barreiras que impedem ou dificultam essa intimidade. E vou mais além, e mais profundo. A Palavra de Deus nos compara (a igreja) como noiva de Cristo. Se não há intimidade de relacionamento, me referindo no sentido de tratamento, entre um noivo e sua noiva, como poderão se conhecer com mais profundidade?
Não quero aqui levantar nenhuma doutrina a esse respeito, mas apenas dizer que vejo essa temática por um prisma bem simples. Quero ter mais intimidade com Deus, quero conhecê-lo mais e melhor. Quase não me dirijo a Deus utilizando o pronome você, mas de nenhuma forma me sentirei um herege se assim proceder.

Marco Tullio Azevedo Juric

Nenhum comentário: